PADRE HIMALAYA

 Manuel António Gomes, nascido a 9 de Dezembro de 1868, em Santiago de Cendufe - Arcos de Valdevez, mais conhecido por Padre Himalaya (alcunha herdade no tempo de seminário, devido à sua elevada estatura).
De espírito curioso, cedo desenvolveu interesses na mais diversas áreas, como Agricultura, Ecologia, Educação, Filosofia, Religião ou Economia. Foi Sacerdote Católico, Cientista e Inventor, pioneiro do aproveitamento da Energia Solar e introdutor em Portugal do interesse pelas Energias Renováveis. Foi vegetariano e defensor da Naturopatia em particular da Filoterapia e da Hidroterapia.

Enquanto aluno do Seminário de Braga, sabendo da associação que os pastores faziam entre a abundância de trovoadas e a fertilidade do solo, relacionou o aumento da fertilidade do solo, com a fixação de azoto atmosférico por efeito de raios, o que julgou poder reproduzir utilizando a ENERGIA SOLAR concentrada por espelhos ou lentes.

Em 1889, iniciou a sua busca pelo método mais adequado para aumentar naturalmente a fertilidade dos solos, através da captação do Azoto atmosférico. Para isso, desenvolveu um aparelho capaz de transformar o azoto livre em sais azotados derivados da amónia.
Padre Himalaya ao lado do PIRELIÓFORO

A questão da síntese do amoníaco, despertou um enorme interessa na área da investigação química, e o Padre Himalaya associou-se a um percurso que teria o seu desfecho em 1910 com a concessão da patente da síntese de Haber-Bosch. Por outro lado, o seu interesse na separação dos componentes do ar atmosférico, como forma de extrair o azoto, também se interliga com a investigação de ponta para a época, em particular, com os trabalhos do Professor Carl Von Linde, que em 1895, começou a desenvolver o processo de liquefazer o ar por arrefecimento em contracorrente que está na base do ciclo Hampson-Linde.


Consciente das dificuldades práticas que impediam a síntese dos compostos azotados a partir do azoto molecular, o Padre Himalaya, optou por utilizar a ENERGIA SOLAR, concentrada, com recurso a um aparelho ótico adequado, de forma a conseguir criar as condições ideias (temperaturas elevadas) que se verificam  em torno dos raios das descargas elétricas das trovoada. A ideia de utilizar a ENERGIA SOLAR, surgiu da leitura de um artigo publicado pelo períodico "A Província" de Janeiro de 1888, que descrevia as experiências realizadas por Augustin Mouchot, o inventor que criou um forno solar. Surgindo  assim o PIRELIÓFORO (na grafia do grego: pyros, "fogo" + helios, "sol" + pheros, "que traz"), que significa "eu trago o fogo do sol"
PIRELIÓFORO

PIRELIÓFORO, era uma estrutura de aço de 13 metros de altura e com uma larga superfície de 80 metros quadrados, formada por milhares de pequenos espelhos que reflectiam a luz do Sol num pequeno forno onde se fundiam rochas e metais, a uma temperatura que ascendia aos 3500 graus Celsius.
O pyrheliophoro foi montado sobre carris circulares de forma a permitir a sua orientação em direcção ao Sol e o seguimento do seu movimento diurno. Dado o interesse estratégico da experiência, os testes foram acompanhados por Étienne Bazeries, oficial que se tinha notabilizado no campo da criptografia.
O modelo de pirelióforo utilizado em Castel d'Ultrera consistia numa lente de Fresnel, com 7 m de diâmetro, que formava uma campânula metálica em forma de calote esférica, suspensa na estrutura por dois eixos ortogonais, os quais permitiam a orientação vertical e horizontal da estrutura em função da posição do Sol. Na estrutura, a lente metálicaera uma lente de Fresnel constituída por um conjunto de anéis metálicos concêntricos recobertos lateralmente por pequenos espelhos que desviavam a luz solar, por reflexão, por forma a que esta incidisse na boca de um pequeno forno refractário localizado no ponto focal da estrutura. Os ensaios realizados permitiram atingir temperaturas superiores a 1 500 °C, suficientes para fundir o ferro, num processo que o Padre Himalaia considerava como o primeiro passo na obtenção de fertilizantes nitrosos.
Apesar do protótipo não ter atingido as temperaturas pretendidas, ainda assim os resultados foram animadores, o que permitiu manter o interesse dos investidores. 

Para além do pireliófero e da himalayite, o Padre Himalaya foi ainda o inventor de um motor directo e de um turbo-motor, uma farinha alimentar à base de crustáceos e farelo, e um sistema de reciclagem e transformação de esgotos em adubos. Por tudo isto, não será um exagero concluir que o Padre Himalaya foi um pioneiro no domínio da inovação científica, tendo inaugurado, em Portugal, há cerca de cem anos atrás, o conceito de desenvolvimento ecologicamente sustentado.




Padre Himalaia - À Porta da História - Documentários - História - RTP





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