Um dos ligantes mais antigos é o ligante que resulta da cozedura dos calcários, constituídos sobretudo por CaCO3. Associado a este está a argila formando assim Calcário Margoso; e quando a argila existe em quantidade superior é a Marga Calcária.
Calcário ------------------------------------------------------------------------- CaCO3 100%
Calcário margoso ------------------------------------------------------------- CaCO3 + agila (<50%)
Marga Calcária ---------------------------------------------------------------- CaCO3 + agila (>50%)
A cozedura do calcário puro dá origem
ao oxido de cálcio, que constitui a cal aérea, a cozedura do calcário margoso
dá origem aos cais +/- hidráulicos, conforme o teor de argila e também aos
cimentos naturais.
CaCO3 (quase puro) – 800/900ºC (cozedura em forno) --> Óxido de Cálcio (CAL VIVA)
CaCO3 (impurezas até 5%) – 850ºC --> Cal viva à Cal aérea
CaCO3 + argila (8-20%) – 1000ºC --> Cal ± hidráulica
CaCO3 + argila (20-40%) – 1050ºC a 1300ºC --> Cimento natural
CaCO3 (impurezas até 5%) – 850ºC --> Cal viva à Cal aérea
CaCO3 + argila (8-20%) – 1000ºC --> Cal ± hidráulica
CaCO3 + argila (20-40%) – 1050ºC a 1300ºC --> Cimento natural
* Cal Aérea
Quanto
ao teor de impurezas, as cais dividem-se em gordas e magras.
- As cais aéreas gordas derivam dos calcários quase puros com teores de carbonato não inferiores a 99% e são brancas. Têm propriedades plásticas, pois tratam-se de cais facilmente trabalháveis e bastante macios.
- As cais aéreas gordas derivam dos calcários quase puros com teores de carbonato não inferiores a 99% e são brancas. Têm propriedades plásticas, pois tratam-se de cais facilmente trabalháveis e bastante macios.
- As cais aéreas magras
(acinzentadas) derivam dos calcários com teores de argila e de outras impurezas
compreendidas entre 1 a 5%. Não
são, tão trabalháveis, nem macias.
O produto obtido pela
cozedura dos calcários, designa-se por Cal viva (Q), que é oxido de cálcio e que com água
(extinção) fornece a Cal apagada (S) ou
extinta que é hidróxido de cálcio Ca(OH)2.
CaO + H2O
à
Ca(OH)2 + 15,5 cal
(Cal viva) (Cal apagada)
A Cal Viva apresenta-se
sob a forma de grãos de grandes dimensões com 10,15 a 20cm, é um produto
sólido, de cor branca com grande avidez pela água.
- Extinção (pode
fazer-se por dois processos):
1º Imersão –
Extinção da cal viva com excesso de água e é feita mergulhando os blocos em
água, obtendo-se assim uma pasta de cal apagada que endurece lentamente. É um
produto pouco poroso e permeável, com difícil e lenta recarbonatação que pode
durar + de 6 semanas.
2º Aspersão –
Consiste na extinção da cal viva com aspersão de água estritamente
necessária à hidratação. Verifica-se uma expansão à medida que a cal se vai
hidratando, e o produto pulveriza-se.
Diferenças:
- Portanto as cais extintas são cais aéreas, constituídas por hidróxido de cálcio
e de magnésio, que resultam
da extinção da cal viva. As cais extintas não têm reacções exotérmicas,
quando em contacto com a água. São produtos sob a forma de pó seco ou mistura
aquosa.
- A cal aérea é um ligante
constituído por Óxidos de Cálcio(CaO), ou Hidróxidos de Cálcio(Ca(OH)2),
que endurece lentamente ao ar por reacção com CO2. Em geral não
endurece na água pois não possuem propriedades hidráulicas. Pode tratar-se de cal viva ou de
cal apagada.
- Endurecimento
da cal aérea (faz-se em duas fases):
1ªfase (Presa Inicial) – dá-se a
evaporação da humidade em excesso, ao fim da qual a cal está firme ao tacto mas
ainda é marcável com unha.
2ªfase (Recarbonatação)
– dá-se uma reacção química muito lenta, ao ar, em que o hidróxido se
reconverte em carbonato de cálcio por recombinação com o CO2. A velocidade
desta recarbonatação depende da temperatura, da estrutura porosa e da humidade
da pasta (podendo demorar anos).
Ca(OH)2
+ CO2 à
CaCO3 + H2O + 42,5 cal
Reacção exotérmica e
expansiva.
Figura 1. Processo de Hidratação - Calcinação - Carbonatação - Moagem |
Aplicação
de areia: A pasta de
cal ao secar retrai, e fissura. Para evitar a fissuração emprega-se areia nas
argamassas de cal. Estes grãos de areia, dividem o material em pequenas fracções
localizadas, e arejam a argamassa, permitindo a sua carbonatação, ao mesmo
tempo que se dá a secagem. A areia usada deve ser siliciosa
ou calcária, bem limpa e isenta de materiais húmidos e de argila.
- Aplicação
de cal aérea (fornece plasticidade, coesão e boa
trabalhabilidade nas argamassas)
O hidróxido de cálcio é
solúvel na água (e na água salgada) portanto, não ganha presa, nem endurece na
água, e não pode ser usada em obras hidráulicas e marítimas.
- Cal aérea com gesso, é usada no fabrico de blocos silico-calcários.
- Cal aérea com gesso, é usada no fabrico de blocos silico-calcários.
- Cal aérea misturado com
pozolana é usado em estuque,
- Cal aéra misturada com cimento
ou cal hidráulico, é usado em argamassa para reboco,
- Cal aérea sob a forma de leitado
usado na caiação de muros.
-Vantagens:
·
Aderência
às superfícies de contacto,
·
Resistência
mecânica (a longo prazo),
·
Rendimento
de 3,5x (com 10l de cal viva obtém-se 35l de cal em pasta)
* Cal Hidráulica
A
pedra calcária CaCO3, que contenha 8 a 20% de argila, se tratada
termicamente a cerca de 1000ºC dá origem à Cal Hidráulica, que é um produto que
endurece tanto na água como ao ar. A cal hidráulica é constituída por silicatos (SiO2.2CaO)
e aluminatos de cálcio (Al2O3.CaO)
e por menos de 3% de óxido
de cálcio (que endurece por carbonatação).
(1000 a
1100ºC) CaCO3 + argila (8-20%) ---------> Cal hidráulica
A preparação da cal hidráulica
é feita em fornos, verificando-se as seguintes fases:
·
500
a 700ºC ------------------- desidratação da argila
·
850ºC
--------------------------- decomposição de calcário (CaCO3 à CaO + CO2 ↑)
·
1000
a 1100ºC -------------- reacção da sílica e alumina da argila com o óxido de
cálcio, originando silicatos e aluminatos.
SiO2 + CaO à Silicatos de cálcio (SiO2.2CaO)
Al2O3 + CaO à Aluminatos de cálcio (Al2O3.3CaO)
- Extinção
de cal hidráulica
Se a temperatura de
cozedura for mais alta (até 1500ºC) e a % de argila (sílica e alumina) for
maior, a reacção é mais completa, ou seja, a quantidade de silicatos e
aluminatos de cálcio é maior, diminuindo a quantidade de óxidos de cálcio livre.
A 1000ºC a reacção é
parcial e os produtos formados são uma mistura de silicatos e aluminatos de cálcio
e óxido de cálcio livre. Depois de saído do forno obtém-se pedaços de varias dimensões
constituídos pela mistura de sílica e aluminato de cálcio e cal livre (10%) e ainda um pó inerte que é silicato bicálcio
formado por pulverização durante o arrefecimento (657ºC).
A cal retirada do
forno deve ser extinta,
não só com o fim de eliminar a cal viva, mas para provocar a
pulverização de toda a cal hidráulica.
A extinção deve ser
feita com precaução pois só deve adicionar a água suficiente para hidratar a
cal viva, é a reacção expansiva desta que se aproveita para pulverizar
os grãos que contém os aluminatos e silicatos, a água em excesso irá
hidrata-los.
A cal hidráulica deve
ser completamente extinta para ser usada em obra.
Dá extinção (de 130 a
400ºC) obtém-se:
·
Pó
·
Grappiers, são grãos de material sobreaquecido
com verdadeiras características de cimento, mais escuros e duros e ricos em
silicatos bicálcicos.
Assim, após a extinção
é necessário separar os grappiers do pó e proceder à moagem.
Esta separação é feita
em peneiros circulares rotativos, constituídos por tambores perfurados concêntricos
sendo o tambor interior de malha com mais abertura para permitir a passagem dos
grappiers.
Após a moagem dos
grappiers, o pó resultante é adicionado ao pó de silicato e aluminato de cálcio
e hidróxido de cálcio, formando a cal hidráulica, se necessário juntar
materiais pozolânicos moidos.
- Presa
e endurecimento da cal hidráulica (compreende 2ªs fases)
1ªfase –
dá-se a hidratação dos silicatos e aluminatos de cálcio, quer na água, quer no
ar.
2ªfase –
dá-se a recarbonatação da cal apagada, só ao ar e em presença de CO2.
- Algumas
propriedades e aplicações de cal hidráulica
A massa volúmica média
da cal hidráulica é cerca de 2,75g/cm3 mais baixo do que o de
cimento e a sua baridade toma valores entre 0,6 a 0,8 g/cm3.
A sua aplicação é feita de modo a que não se exigem resistências mecânicas elevadas com argamassas pobres:
A sua aplicação é feita de modo a que não se exigem resistências mecânicas elevadas com argamassas pobres:
- Argamassa de
revestimento (pavimento rodoviário),
- Argamassa para reboco
de paredes (Pré-fabricação),
- Argamassa para
alvenaria.
- Fabrico
de cal
As cais hidráulicas e
aéreas podem ser produzidas em vários tipos de fornos.
O forno contínuo vertical utiliza combustível de chama curta, carvão. Tem 2
camaras sobrepostas, sendo o calcário alimentado por uma abertura junto à chaminé
superior, e o combustível introduzido no estrangulamento entre as duas camaras
onde se processa a combustão, o arrefecimento do material dá-se na camara
inferior, onde o ar é aquecido (com melhoria no rendimento térmico). O material
calcinado é extraído pela parte inferior da camara de arrefecimento.
O forno rotativo, constituído
por 1 cilindro metálico, internamente revestido de material refractário, giram
lentamente sobre um eixo inclinado, recebendo o calcário pela sua boca superior
e tendo o maçarico de aquecimento na sua boca inferior, por onde também é
retirado o material calcinado.
* Cal Pozolânica
Os romanos misturavam
cinzas vulcânicas (pozolana) com cal hidráulica (25 a 45%) obtinham um
aglomerado que endurecia debaixo de água. A capacidade hidráulica da cal
pozolânica usada pelos romanos permitiu que as fundações pudessem ser lançadas
sob a água. (ex:. Ostia)
- Aplicações
É usada como
plastificante em argamassas de reboco grosso e assentamento de blocos de betão
ou de cerâmica. Deve-se adicionar água à cal pozolânica, cerca de 24h antes da
preparação da argamassa com cimento e areia. Este
procedimento melhora a função aglomerante da cal e garante à argamassa final índices
de aderência superiores (quando
comparados a argamassas com cal hidráulica).
- Principais
vantagens
·
Baixa
libertação de calor, durante a fase de presa, torna os betões pozolânicos
adequados para uso em situações onde é necessário betonar grandes volumes em
simultâneo, evitando o sobreaquecimento da massa betonada e a sua fissuração,
·
Maior
resistência à corrosão, devido à alta alcalinidade dos betões pozolânicos,
·
Melhores
acabamentos,
·
Melhor
aderência,
·
Melhor
trabalhabilidade nas argamassas para reboco e assentamento.
0 comentários: